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Evinis Talon

Fracasso na Advocacia

24/01/2018

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Fracasso na Advocacia

Em algumas oportunidades, já falei sobre a ideia de fracasso na Advocacia. Fiz, por exemplo, um vídeo em que destaco uma ideia importante: há mais pessoas desistindo da Advocacia do que fracassando (veja aqui). Também já expliquei que, como regra, você não terá ajuda na Advocacia (leia aqui).

A verdade é que há vários “microfracassos” que desanimam o Advogado com o tempo. Alguns exemplos podem ser facilmente mencionados.

Cita-se, por exemplo, quando o Advogado abre o escritório extremamente ansioso e, algumas semanas depois, o telefone ainda não tocou. Quando toca, pode ser apenas alguém querendo “tirar uma dúvida”, expressão que tenta afastar o caráter de consulta desse atendimento.

Aquele que começa na Advocacia com algum capital ou com a ideia de rendimento rápido pode cair no fracasso financeiro. Depois de alguns meses, o escritório “não se paga”, apesar de todos os esforços. Alguns gastam desnecessariamente na abertura do escritório, comprando, por exemplo, objetos decorativos ou que não são imprescindíveis para o funcionamento do escritório, como máquinas de café e papéis de parede.

Um dos fracassos mais bizarros é o da rede de contatos. Durante a faculdade, todos se ajudam, são colegas, saem juntos, compartilham materiais e tudo mais. Depois da formatura, no mercado de trabalho, passa a ser “cada um por si”, com um paulatino afastamento de ex-colegas de faculdade.

Para completar, há o “microfracasso” da falta de evolução. É comum que um Advogado em início de carreira, ainda sem condições de abrir o seu escritório, envie currículos para várias bancas, não obtendo retorno. Enquanto isso, vê seus ex-colegas de faculdade abrindo escritórios com móveis planejados ou ingressando em bancas conhecidas.

Se abre o próprio escritório, há uma chance de que ocorra um “fracasso financeiro”: após um mês de muito trabalho, não consegue nem mesmo pagar todas as despesas (pessoais e profissionais), momento em que começa a se questionar se está pagando para trabalhar. Nesse momento, surge a pergunta de sempre: não seria melhor fazer concurso?

Surge, mais uma vez, outro microfracasso: a falta de esperança dos familiares. Todos começam a questionar se um concurso público seria o melhor caminho, se seria melhor procurar um emprego ou se deveria começar a cobrar mais barato. Para piorar, alguns parentes ainda fazem comparações indelicadas, com frases como “o filho da Maria se formou há 2 meses e já está cheio de trabalho”.

É fundamental encarar cada “fracasso” como aprendizado.

Se fez uma consulta gratuita para um cliente que depois repassou todas as orientações para outro Advogado (que cobrou mais barato), aprenda a cobrar pela consulta ou apenas passar o orçamento do serviço, sem outras orientações. Se uma parceria deu errado, aprenda a focar na qualidade, e não na quantidade de parceiros. Caso tenha aberto um escritório – que fracassou – com um amigo, aprenda a separar amizades e negócios (salvo se o amigo também for ético e competente).

Os verdadeiros fracassos na Advocacia

Definitivamente, na Advocacia, há apenas dois fracassos significativos: o ético e o da desistência.

Caso o Advogado considere que não há mais como sobreviver no mercado jurídico de forma ética, optando, consequentemente, por práticas antiéticas e até criminosas, há um fracasso de difícil retorno. O desvio ético é o fracasso mais reprovável de todos.

Por sua vez, a desistência é um fracasso voluntário, muitas vezes com um falso caráter de involuntariedade (“não havia alternativa”). Diferentemente do fracasso ético, esse fracasso não prejudica terceiros, mas apenas o próprio Advogado, que permanecerá questionando o que teria acontecido se insistisse um pouco mais na Advocacia. Nesse fracasso, há sempre o risco de desistir sem ter feito tudo que poderia fazer ou quando estava começando a curva ascendente na carreira. Aliás, sobre a desistência no Direito, recomendo um texto anterior (leia aqui).

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Evinis Talon é Advogado Criminalista com atuação no Brasil inteiro, com 12 anos de experiência na defesa penal, professor de cursos de mestrado e doutorado com experiência de 11 anos na docência, Doutor em Direito Penal pelo Centro de Estudios de Posgrado (México), Doutorando pela Universidade do Minho (Portugal – aprovado em 1º lugar), Mestre em Direito (UNISC), Máster en Derecho Penal (Universidade de Sevilha), Máster en Derecho Penitenciario (Universidade de Barcelona), Máster en Derecho Probatorio (Universidade de Barcelona), Máster en Derechos Fundamentales (Universidade Carlos III de Madrid), Máster en Política Criminal (Universidade de Salamanca), especialista em Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional, Filosofia e Sociologia, autor de 7 livros, ex-Defensor Público do Rio Grande do Sul (2012-2015, pedindo exoneração para advogar. Aprovado em todas as fases durante a graduação), palestrante que já participou de eventos em 3 continentes e investigador do Centro de Investigação em Justiça e Governação (JusGov) de Portugal. Citado na jurisprudência de vários tribunais, como TRF1, TJSP, TJPR, TJSC, TJGO, TJMG, TJSE e outros.

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