Advocacia

Evinis Talon

Você não terá ajuda na Advocacia

13/01/2018

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Ajuda na Advocacia?

O título deste texto não é uma verdade imutável da Advocacia, mas apenas uma possibilidade para a qual você deve estar preparado.

Talvez você tenha ajuda. Talvez algum colega mais experiente fique ao seu lado ou algum parente decida recomendar os seus serviços para outras pessoas.

Contudo, quando você ingressa na Advocacia, é melhor considerar a possibilidade de ter de ser um “self-made man” (ou “woman”). Ainda que alguns discordem dessa expressão (leia aqui), dizendo que é impossível alguém conquistar algo sozinho, na Advocacia – como em várias outras coisas na vida –, é preferível não esperar pelos outros.

Um pequeno relato

Lembro-me de ter conversado com um jovem Advogado que me relatou ter recebido uma proposta para, em poucos meses, ser associado de um escritório de propriedade de um Advogado mais antigo na carreira. O jovem Advogado estava tão animado que praticamente parou a sua vida enquanto esperava a concretização dessa proposta. Não continuou estudando, tampouco procurou outras oportunidades, como parcerias ou vagas de associado em outros escritórios.

Um pouco depois, ele me disse que havia recebido uma nova proposta daquele mesmo Advogado, mas, dessa vez, era para ser sócio desse escritório. Disse a ele para ter cuidado, pois não era comum alguém com tanto tempo de estrada surgir para um recém-formado com uma proposta dessas.

Pois bem. Algumas semanas depois, o resultado: essa proposta não se concretizou. Na verdade, aquele Advogado mais antigo pretendia apenas ter alguém com quem dividir as despesas e as várias dívidas (inclusive pessoais), que, inclusive, impossibilitaram a continuidade do escritório.

O jovem Advogado, que ficou alguns meses cheio de esperança acreditando nessa “fabulosa” proposta, agora não mais vislumbrava oportunidades para sua carreira. Não fez pós-graduação, tampouco procurou contatos relevantes, de modo que, passados alguns meses aguardando a concretização da proposta, continuava exatamente no mesmo estágio em que se encontrava quando conversou com aquele Advogado: não tinha experiência, diferenciais, escritório, contatos ou qualquer outra coisa. Por esperar uma ajuda repentina, precisaria começar, novamente, do zero.

Moral da história: na Advocacia, é melhor não depender de ninguém. Se tiver ajuda, excelente! Caso não tenha, tudo bem, desde que você já esteja preparado para isso.

Os dois lados da “ajuda” na Advocacia

Não raramente, é comum que o Advogado não receba ajuda e ainda tenha alguém para atrapalhá-lo – invocando uma equivocada ideia de ajuda –, como algum colega que queira aproveitar-se de sua boa vontade com frases como “você poderia quebrar um galho para mim?” e “quando você for ao fórum tal, pode me fazer um favor?”.

Como já disse algumas vezes (dica nº 26 – leia aqui), favores não podem envolver o trabalho do profissional. Participar de uma audiência para algum colega ou fazer alguma diligência (tirar cópias ou fazer carga, por exemplo) são atos que não constituem “ajuda”, mas sim a prestação de um serviço jurídico. Ajudas e favores são, por exemplo, apresentar um colega a alguém, fazer uma indicação ou sugerir algo.

Portanto, a ideia de ajuda na Advocacia pressupõe duas questões:

Em primeiro lugar, esteja preparado para o caso de não receber ajuda de ninguém. Depender dos outros é algo péssimo para a carreira, porque foge da nossa zona de controle.

Evidentemente, com ajuda de algum colega mais experiente, o caminho seria mais fácil. Há uma frase que diz que, se você quiser ir rápido, vá sozinho, mas se quiser ir longe, vá acompanhado. A frase está correta, mas não espere ajuda. Caso contrário, permanecerá engessado como o jovem Advogado citado anteriormente, que, felizmente, já deu a volta por cima.

Além disso, se quiser ajudar alguém – e isso sempre é recomendável –, saiba diferenciar o que é ajuda daquilo que constitui o seu meio de vida, isto é, a prestação de serviços jurídicos.

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Evinis Talon é Advogado Criminalista com atuação no Brasil inteiro, com 12 anos de experiência na defesa penal, professor de cursos de mestrado e doutorado com experiência de 11 anos na docência, Doutor em Direito Penal pelo Centro de Estudios de Posgrado (México), Doutorando pela Universidade do Minho (Portugal – aprovado em 1º lugar), Mestre em Direito (UNISC), Máster en Derecho Penal (Universidade de Sevilha), Máster en Derecho Penitenciario (Universidade de Barcelona), Máster en Derecho Probatorio (Universidade de Barcelona), Máster en Derechos Fundamentales (Universidade Carlos III de Madrid), Máster en Política Criminal (Universidade de Salamanca), especialista em Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional, Filosofia e Sociologia, autor de 7 livros, ex-Defensor Público do Rio Grande do Sul (2012-2015, pedindo exoneração para advogar. Aprovado em todas as fases durante a graduação), palestrante que já participou de eventos em 3 continentes e investigador do Centro de Investigação em Justiça e Governação (JusGov) de Portugal. Citado na jurisprudência de vários tribunais, como TRF1, TJSP, TJPR, TJSC, TJGO, TJMG, TJSE e outros.

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