“Advogados” práticos x “Advogados” teóricos
Por que a utilização de aspas na palavra “Advogados” no título deste texto? Ao final, explicarei.
Há diferenciações, comparações ou escolhas que não devem ser feitas. Uma delas diz respeito a nós, Advogados: não devemos focar unicamente na prática ou na teoria.
Sobre a necessidade de equilibrar a teoria e a prática, já tratei em outro texto (leia aqui), assim como analisei o problema daqueles juristas que não gostam de ler, desrespeitando o mínimo intelectual exigido pela profissão (leia aqui).
O Advogado exclusivamente prático que não se dedica à teoria corre o risco de cair na desatualização rapidamente. Com o Legislativo querendo mostrar serviço, é provável que um Advogado prático passe vergonha semanalmente durante alguma audiência.
Aliás, o Advogado que permanece focado somente na prática também passa pelo risco de, em virtude do excesso de trabalho (não necessariamente intelectual), jamais conseguir cobrar a tabela de honorários da OAB, porque não conseguirá construir um diferencial tangível (leia aqui).
Por outro lado, o Advogado que foca somente na teoria sofre de um sério problema: ler e/ou escrever sobre assuntos que decorrem de uma visão utópica dos manuais. Não podemos ser ingênios (leia aqui). Na prática, infelizmente, há Juízes que não leem as peças defensivas, razão pela qual, por exemplo, todas as maravilhas escritas nos livros sobre nulidades possuem pouca aplicação prática.
Ademais, de que adianta para a Advocacia saber uma lição histórica de algum autor alemão e não ter a capacidade de acompanhar um flagrante, preparar uma procuração ou fazer uma sustentação oral realmente efetiva?
Em suma, o motivo de ter usado aspas no título deste texto é que não há Advogados apenas práticos – como se fossem apenas entregadores de documentos – ou teóricos (se é unicamente teórico, então deve ser professor, consultor ou parecerista, mas nos dois últimos casos com experiência prática, ainda que não esteja na prática forense).
O Advogado concilia a teoria e a prática de forma indissociável. É uma necessidade inafastável da sua finalidade principal, que é defender de forma comprometida quem o procura. Pensar de forma diferente é reduzir a Advocacia a um trabalho de despachantes graduados em Direito ou confundi-la com a docência.
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