Quando comecei na Advocacia, passei por períodos estressantes. Nos primeiros quatro meses, acreditei, seriamente, que passaria fome. Cheguei a pesquisar diariamente os concursos públicos que estavam com inscrições abertas, cogitando voltar para o setor público.
Por frieza, continuei na Advocacia privada. E por uma dose de sorte e um constante estudo sobre o empreendedorismo na Advocacia, tudo começou a dar certo. Evidentemente, tive a sorte de ouvir colegas (pessoalmente ou por meio de vídeos) com muitas décadas de Advocacia que me acrescentaram novas perspectivas.
No início da Advocacia, não há para onde cair (salvo se o Advogado sem clientes também perder a ética). O caminho é o crescimento. Afinal, um cliente é mais do que uma completa ausência de trabalho.
Por esse motivo, o início já pressupõe o estresse do crescimento. Nesse momento, ficar parado é sinônimo de falir.
Após a carreira ter um impulso, o Advogado pode pensar em parar de crescer e se preocupar em manter o que conquistou. Nesse caso, o estresse do crescimento acaba, mas também não há aquela emoção de enfrentar novos desafios e de ver até onde um projeto é capaz de crescer.
Num dia desses, após passar dias em reuniões com parceiros, clientes e associados em São Paulo, cheguei à exaustão. Eu, que sempre durmo depois das 2 horas da madrugada, não suportei passar das 23 horas.
A dificuldade de operacionalizar cada tratativa e de pensar nos vários compromissos assumidos me gerou um questionamento repentino: vale a pena esse sofrimento para expandir e crescer ou seria melhor apenas manter o que foi conquistado? O investimento de tempo e o sofrimento causado (sobretudo decorrente de afastamentos familiares) é um fator que pode pôr em dúvida a necessidade de crescer. Verdadeiramente, o desconforto não é do crescimento (quem não quer melhorar?), mas sim da tentativa de crescer sem uma garantia de que algo dará certo. Troca-se a certeza do conforto por um desconforto que poderá ou não gerar algum resultado.
Nesse momento, lembrei-me de uma frase do Flávio Augusto da Silva: o estresse do crescimento é muito menor que o do fracasso e da estagnação.
Nas fases do início e do crescimento, o Advogado vai trabalhar bastante. E o pior: não há certeza de que os resultados virão. Contudo, esse estresse ainda é melhor do que desistir e, por acreditar na falta de opção, fazer concurso ou sair da área com a qual sempre sonhou.
Com 29 anos de idade, 3 anos de Advocacia privada e 6 anos de graduado (com um período de 3 anos da Defensoria), estou longe de ter crescido tudo que preciso, quero e acredito ter potencial para alcançar. Intelectualmente, o crescimento nunca terá um fim, enquanto dedicarmos algumas horas à leitura e a ouvir colegas que tenham um conhecimento muito maior do que o nosso. Profissionalmente, o crescimento vai durar enquanto estivermos insatisfeitos ou tivermos aquela indagação sobre qual é o nosso limite.