TCC

Evinis Talon

A minha rotina diária de estudos (e como consigo cumpri-la)

28/05/2017

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A minha rotina diária de estudos (e como consigo cumpri-la)

Acredito que o hábito transforma as pessoas. A adoção de um bom hábito produz, a médio prazo, resultados fascinantes.

Na minha rotina diária, leio pelo menos um artigo de revista científica e um artigo de algum portal da internet, indicando-os no meu site (veja aqui). Também leio dezenas – em alguns dias leio centenas – de páginas de livros, que, por algum motivo que não sei explicar, contabilizo separadamente das páginas dos artigos lidos.

Considero que a leitura deve ser constante. Ler muito num dia e passar semanas sem colocar as mãos em um livro é absolutamente improdutivo.

Tendo a leitura como hábito, é possível aumentar o repertório de ligações entre ideias, analogias, vocabulário etc. A leitura desenvolve a criatividade, algo extremamente importante para quem deseja escrever.

Quanto à escrita, dificilmente escrevo ininterruptamente por mais de uma hora. Normalmente, escrevo em intervalos curtos, entre os compromissos com horários determinados. Escrevo um artigo por dia para o meu site (ver aqui) – além das colunas em outros sites – e produzo várias páginas para os livros que estou escrevendo.

A melhora na escrita ocorre por meio do hábito, da insistência e da prática. Quando escrevemos diariamente, começamos a comparar os novos textos com os escritos do passado. Os textos melhoram, a velocidade de escrita aumenta e a criatividade se desenvolve. Quanto mais escrevemos, mais queremos escrever.

Em suma, a minha rotina diária de leitura e escrita é:

  • Ler pelo menos um artigo científico e um artigo de internet.

  • Ler no mínimo 50 páginas de algum livro.

  • Fichar alguns trechos dos livros e artigos e inseri-los no meu banco de citações doutrinárias.

  • Escrever um artigo para o meu site, utilizando-o futuramente em algum dos volumes da coleção O Criminalista.

  • Escrever no mínimo 10 páginas para algum dos livros que estou produzindo simultaneamente. Atualmente, escrevo 18 livros ao mesmo tempo, entre livros que estão prontos (em revisão) e outros que ainda estão no sumário. Não tenho método para isso. Quando surge uma ideia – normalmente decorrente da leitura de algum livro ou artigo – começo a escrever no projeto de livro relacionado ao assunto.

  • Escrever para minhas colunas em diversos sites, como Canal Ciências Criminais, Sala Criminal e Escola Superior de Direito Público.

Seguindo essa rotina – que pretendo intensificar em breve –, aprendi muito mais do que quando estudava de forma desordenada. Passei a ter a obrigatoriedade de ler e escrever, considerando que tenho o compromisso público diário de indicar pelo menos dois artigos e publicar no mínimo um texto no meu site.

Aliás, o compromisso público é uma das formas mais efetivas de adotar um hábito produtivo. Quando não somos fiscalizados, temos a tendência de desconsiderar as nossas metas.

Para cumprir a rotina de leitura e escrita, sigo algumas regras:

  • Não durmo sem antes cumprir cada meta diária, mesmo nos dias em que tenho muitos compromissos. Já teve vez em que passei o dia viajando e, após palestrar até tarde da noite, cheguei ao hotel cansado e escrevi o artigo do dia. O compromisso com a produção (leitura e escrita) não admite dias excepcionais, sob pena de não o levarmos a sério. Se descumprirmos uma vez, abriremos uma brecha que gerará muitos outros descumprimentos.

  • Leio para escrever. Não há livro ou artigo que eu leia sem pensar em transformar alguma parte dele em um artigo ou subtítulo de algum livro. Se separasse as atividades da leitura e da escrita, não conseguiria desempenhá-las de forma tão produtiva.

  • Sigo uma rotina de leitura desde quando não tinha o que fazer com essas leituras. Em outras palavras, eu lia antes de estar inscrito no concurso em que fui aprovado, antes de ter processos para atuar na advocacia e antes de começar a lecionar. Esperar surgir a necessidade da leitura é um grande erro. É melhor estar preparado e não ter oportunidade do que ter a oportunidade e não estar preparado.

  • Concentro as leituras e os textos que escrevo nos temas que enfrento na minha atividade profissional e docente. Assim, intensifico a leitura e a produção de textos sobre inquérito policial quando leciono essa disciplina em algum curso de pós-graduação. Se atuo em um processo que exige a apreciação de teses sobre crimes ambientais, passo a ler e escrever mais sobre isso. Essa regra torna a produção muito mais efetiva do que se, no mesmo dia, eu desse aula de júri, interpusesse um recurso em processo de crime de sonegação previdenciária, lesse sobre execução penal, escrevesse um artigo sobre termo circunstanciado e produzisse uma parte do meu livro sobre provas no processo penal. Portanto, algumas dessas atividades diárias – não necessariamente todas – precisam coincidir quanto ao assunto.

  • Escrevo vários livros e artigos simultaneamente. Dessa forma, inevitavelmente consigo aproveitar as leituras enquanto escrevo algum livro ou artigo. Se estivesse apenas fazendo um livro sobre júri, seria difícil encontrar um artigo sobre esse tema diariamente.

  • Utilizo o Google Drive para escrever de forma sincronizada em diversos dispositivos ao mesmo tempo (celular, tablet, notebook pessoal, computador do escritório etc.).

  • Mantenho uma tabela com a quantidade diária de páginas lidas e escritas. Anoto quantas páginas li em cada livro, separando da quantidade de artigos lidos. Essa tabela gera uma incrível gamificação, pois tento competir hoje com a quantidade de páginas lidas e escritas ontem. Já adotava essa regra de anotar a evolução nos estudos quando estudei e passei nos concursos para Defensor Público, Promotor de Justiça e Juiz (nos dois últimos eu desisti do certame após ser aprovado nas primeiras fases). Quando ingressei na Advocacia e comecei a produzir conteúdo acadêmico, inclusive para a docência, já tinha “prática” nesse método, que se tornou uma parte natural da minha rotina.

Depois de expor essa rotina, muitos devem estar pensando “ele não tem vida social”. Na verdade, levo uma vida normal, com a exceção de que me dedico em cada intervalo de tempo ocioso, evitando conversas sobre coisas banais ou descer infinitamente na timeline do Facebook.

Além da rotina de leitura e escrita, dedico-me à atividade profissional (como Advogado Criminalista, consultor e parecerista), preparo aulas e planos de aula para os vários cursos em que leciono, oriento trabalhos de conclusão de curso, gravo videoaulas, viajo para palestrar…

Quanto ao lazer, passeio com meus cachorros uma hora por dia, faço exercícios físicos, vejo séries na Netflix, assisto a jogos de futebol, saio com minha família para jantar, viajo para o Rio de Janeiro para visitar meus pais…

Um hábito produtivo não necessariamente precisa suprimir hábitos prazerosos. Caso contrário, acreditar-se-ia, equivocadamente, que leitura e escrita são obrigações tediosas que corroem as nossas vidas. Se fosse assim, ninguém aguentaria essa rotina que, ao fim e ao cabo, mudou significativamente quem sou.

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Evinis Talon é Advogado Criminalista com atuação no Brasil inteiro, com 12 anos de experiência na defesa penal, professor de cursos de mestrado e doutorado com experiência de 11 anos na docência, Doutor em Direito Penal pelo Centro de Estudios de Posgrado (México), Doutorando pela Universidade do Minho (Portugal – aprovado em 1º lugar), Mestre em Direito (UNISC), Máster en Derecho Penal (Universidade de Sevilha), Máster en Derecho Penitenciario (Universidade de Barcelona), Máster en Derecho Probatorio (Universidade de Barcelona), Máster en Derechos Fundamentales (Universidade Carlos III de Madrid), Máster en Política Criminal (Universidade de Salamanca), especialista em Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional, Filosofia e Sociologia, autor de 7 livros, ex-Defensor Público do Rio Grande do Sul (2012-2015, pedindo exoneração para advogar. Aprovado em todas as fases durante a graduação), palestrante que já participou de eventos em 3 continentes e investigador do Centro de Investigação em Justiça e Governação (JusGov) de Portugal. Citado na jurisprudência de vários tribunais, como TRF1, TJSP, TJPR, TJSC, TJGO, TJMG, TJSE e outros.

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