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Evinis Talon

7 erros que cometi no início da Advocacia

21/10/2019

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Antes que surja a dúvida, não há relação entre este texto e o jogo dos 7 erros. Apenas cataloguei os erros que cometi no início da Advocacia e, quando fiz a contagem, cheguei ao resultado de 7 erros. Na realidade, não necessariamente foram 7. Há outros que deixei de fora por não serem tão significativos ou não terem tanta importância para a maioria dos Advogados.

Vamos aos erros:

1. Comecei como clínico geral

Para começar, o primeiro erro (de difícil superação!) talvez seja praticado por muitos outros Advogados. Consiste em iniciar como clínico geral. Obviamente, não quero dizer que todos que atuam como clínicos gerais estão “errados”, mas sim que, para a forma de atuação que eu pretendia ter, foi um erro que cometi.

Quando comecei na Advocacia, atuei, durante alguns meses, como clínico geral. Aliás, não possuía a perspectiva de atuar somente em uma área. Talvez por falta de orientação, talvez por não acreditar quando os meus professores da faculdade falavam sobre a necessidade de ser especializado. De qualquer forma, comecei afirmando/anunciando que atuaria em várias áreas. Salvo engano, apenas deixei de fora Direito Previdenciário e Direito do Trabalho.

O resultado disso foi que eu não tinha autoridade/notoriedade e, por ser clínico geral, não possuía diferenciais. Logo, não conseguia chamar a atenção das pessoas que precisavam de um Advogado mais qualificado em determinada área.

Assim, percebi que esse caminho não daria certo, porque enfrentaria muitas dificuldades, tendo em vista que precisaria estudar todas as disciplinas ou, pelo menos, aquelas nas quais eu pretendia atuar com mais frequência, como Direito Penal, Direito Administrativo, Direito Constitucional e alguma parte específica de Direito Civil. Além disso, não conseguiria prospectar os clientes que enfrentam situações mais complexas, pois eles normalmente procuram especialistas. Então, abandonei a atuação como clínico geral e passei a focar na Advocacia Criminal.

No início, há várias dificuldades, dentre elas a preocupação de, eventualmente, procurado por um potencial cliente, responder que não atua na área relativa ao caso que ele apresenta. A resposta “não atuo nessa área”, para quem está começando, pode gerar sofrimento, por ser uma recusa a um trabalho que, em tese, seria devidamente remunerado.

No entanto, com o passar do tempo, percebi que foi a melhor coisa que fiz, haja vista que concentrei meu trabalho em apenas uma área de atuação e, consequentemente, recusei tudo que surgisse de outras áreas. Preferencialmente, essa recusa deve vir com a indicação de algum colega que atue na área desejada pelo cliente.

Portanto, o meu primeiro erro foi atuar como clínico geral. Posteriormente, fiz a devida correção, de maneira que, atualmente, atuo apenas como Advogado Criminalista e não possuo interesse (tampouco conhecimento) em atuar ou, de qualquer forma, estudar outra área a fundo, ainda que, às vezes, acabe estudando alguma coisa de outras áreas apenas para complementar.

2. Excesso de despesas iniciais

O segundo erro que cometi no início da Advocacia Criminal foi fazer muitas despesas iniciais, principalmente despesas fixas.

No início da Advocacia, não recomendo que você comece a fazer despesas sem ter certeza de que obterá algum lucro.

Também não recomendo contratar funcionário – alguém para fazer atendimento ou algo semelhante -, quando você estiver iniciando na Advocacia, tampouco constituir sociedade de Advogados, para não gerar despesas com contador, por exemplo.

No início, trabalhe como pessoa física, ainda que a parte tributária seja um pouco pior. É melhor pagar um percentual maior de impostos em relação aos honorários recebidos do que gastar com a constituição da sociedade (com o intuito de pagar menos impostos) sem saber se receberá honorários nos próximos meses.

Em outras palavras, apenas para constituir uma sociedade de Advogados, o profissional terá uma grande despesa. Sendo assim, sugiro que você tente começar como pessoa física, não como uma sociedade, porque, ao atuar como pessoa física, sua tributação é mais alta no início, mas, pelo menos, será um percentual do que é recebido a título de honorários, e não uma despesa inicial sem previsão de lucro.

Caso você opte por iniciar a carreira como pessoa jurídica – como eu acabei fazendo -, passará a ter muitas despesas iniciais, terá maior burocracia (contabilidade, OAB etc.), pagará um contador de forma mensal – e, dependendo da cidade, o valor mensal pode ser muito alto -, ou seja, comprometer-se-á com novas despesas sem ter certeza de que terá algum lucro.

Outra atitude não recomendável para o início da carreira na Advocacia é, por exemplo, abrir escritório logo nas primeiras semanas, sem ter previsão de clientes (ausência de chance de prospecção inicial).

Ainda sobre o erro quanto às despesas, evite associar-se a instituições nacionais e internacionais no início. Somando o pagamento da mensalidade para ser membro de uma câmara de comércio (mais um erro que eu cometi), por exemplo, e o pagamento de uma instituição de Advogados, chega-se a um valor altíssimo para quem está começando. Tudo isso gera uma despesa fixa que, em muitos casos, não facilitará a prospecção de clientes.

Em resumo, o meu segundo erro foi iniciar com muitas despesas.

Evidentemente, fiz as correções ao perceber que, no início, era preciso ter uma estrutura enxuta. Nos primeiros meses, é mais importante se concentrar em prestar o serviço e conseguir clientes. Deve-se começar pequeno, mas com a mentalidade de fazer crescer o seu escritório.

Portanto, a minha dica é: no início da Advocacia, não faça muitas despesas, principalmente fixas. Não se preocupe em ter escritório, caso ainda não seja necessário e, especialmente, caso você ainda não tenha clientes para atender. Preocupe-se em ter indicações, conhecer pessoas e fazer contatos, para, assim, começar a ter clientes, pois, surgindo clientes, surgirá a oportunidade de abrir um escritório e a necessidade de ter um lugar para atendimento.

Futuramente, quando houver necessidade, você poderá contratar alguém para a recepção e começar a se preocupar em fazer um networking diferenciado, inclusive se associando a algumas instituições.

Por fim, sei que é difícil deixar de gastar com coisas que dariam uma “aparência de sucesso”. Escritório com móveis planejados, máquina de café, decoração, lustres, carpetes etc. Essas coisas dariam uma ótima impressão, mas, no final, ao sair do escritório, somente você saberá se essas coisas foram adquiridas no cheque especial e se as contas estão atrasadas. No final do dia, quem chorará por não ter condições de pagar o cartão ou por precisar pedir a ajuda de parentes será você. Não fique pobre tentando fingir que é rico.

Assim, não tenha vergonha de começar sem uma aparência de sucesso. Todos precisaram começar em algum momento.

3. Pensei em desistir

O terceiro erro que eu cometi no início da Advocacia foi pensar em desistir. No início da carreira como Advogado, não conseguia vislumbrar uma mudança significativa no meu caminho. Naquele momento, comecei a pensar em desistir.

Quando isso acontece logo no início, o Advogado passa metade do tempo (ou até mais) do seu dia pensando se continua Advogando ou se faz um concurso público.

Consequentemente, com esse dilema, perde-se um tempo precioso que poderia ser utilizado para fazer a carreira como Advogado dar certo. Costumo dizer que o momento em que a minha vida começou a dar certo na Advocacia foi quando eu passei a ter certas convicções, sem questionamentos, acerca do caminho que eu queria percorrer.

Se tudo desse errado, pelo menos eu estaria fazendo aquilo de que gosto. É como se queimássemos uma ponte e não tivéssemos mais como retornar. Seguir em frente é o único caminho.

Quando ainda achamos que podemos ter um plano B, como procurar um emprego ou fazer concurso, não estamos com a mentalidade totalmente voltada para a Advocacia.

Sempre escrevo e falo em vídeos e palestras sobre o momento em que pedi exoneração do cargo de Defensor Público (leia aqui). Nas duas primeiras semanas, pensei em todas as possibilidades para anular aquele pedido de exoneração, se havia alguma forma para tentar voltar para o cargo etc.

Depois que comecei a advogar, deparei-me com a mesma situação, porque a Advocacia não estava indo tão bem quanto eu gostaria (falei sobre os 4 primeiros meses em um texto – clique aqui) e, portanto, eu deveria procurar outra opção que fosse mais fácil. Assim, como sempre estudei bastante, principalmente durante a faculdade, a opção mais fácil para mim seria fazer concurso novamente. Enquanto pensei nessa alternativa, nada deu certo. Depois que descartei essa ideia, as coisas mudaram.

Portanto, se você deseja dar certo na Advocacia, uma sugestão que lhe dou, advinda da própria experiência é: não pense em desistir! Não tenha um plano B ou uma segunda opção! Não pense em advogar enquanto estuda para concurso, ou algo semelhante, apenas para ter uma opção reserva/subsidiária.

Se você estabelecer uma segunda opção, a tendência é que a Advocacia se torne a sua terceira opção. Você pensará tanto em estabelecer uma segunda opção que a primeira opção será deixada de lado e se tornará a terceira, quarta ou quinta opção. Então, não pense em desistir!

Muitos estudantes passam a graduação inteira pensando se farão concurso público ou ingressarão na Advocacia. O resultado é: não estudam para concurso nem fazem contatos para a Advocacia. Permanecem muito tempo na dúvida e, por isso, não fazem nada. Penso que é melhor fazer algo errado (e depois mudar, se for o caso) do que ficar muito tempo na dúvida, pois a falta de decisão gera a inércia e a procrastinação.

Resumidamente, o terceiro erro que cometi no início da carreira foi pensar em desistir, avaliando a hipótese de fazer concurso público novamente.

4. Esperei os clientes (que não apareceram)

O quarto erro que cometi no início foi esperar os clientes. Não estou dizendo para você sair fazendo a chamada “captação de clientes”, que é proibida e constitui infração disciplinar (art. 34, IV, do Estatuto da OAB). O que estou querendo dizer é que você não deve esperar os clientes.

Eu cometi um grave erro: chegava ao escritório e, por achar que seria suficiente ter uma carteira da OAB, um escritório e meu telefone disponível na internet, aguardava as ligações e o toque da campainha.

Pois bem. Não é tão fácil assim. É preciso ser ativo. Muitas pessoas ingressam na Advocacia e acham que, por algum motivo, os clientes ligarão e negociarão os honorários.

No entanto, a realidade não é assim. Na parte de prospecção de clientes, não muda nada depois que você recebe a habilitação da OAB. O telefone não tocará e ninguém aparecerá te procurando.

Eu corrigi esse erro fazendo novas parcerias e desenvolvendo marketing de conteúdo – que muitos acompanham -, e isso é uma forma de ser ativo na Advocacia.

Quanto à prospecção de clientes na Advocacia, no meu entendimento, talvez esse seja o ponto central. Esse quarto erro que eu cometi talvez seja o que mais gere a desistência de jovens Advogados. Muitos iniciam acreditando que é só esperar e que os clientes aparecerão de algum lugar.

Contudo, há mais de um milhão de Advogados no Brasil, muitos com escritório e telefone disponível na internet. Então, não dá para ser mais um na multidão e contar com a sorte, esperando que o cliente escolha você, pois isso não irá acontecer. O Advogado iniciante deve ter uma postura mais ativa, sempre respeitando a ética inerente à Advocacia.

Novamente, não estou dizendo para sair no centro de sua cidade distribuindo panfleto, que é uma conduta proibida, mas sim começar a fazer parcerias com outros Advogados, divulgar o seu nome, fazer conteúdo que interesse para o seu público-alvo e tomar outras atitudes que facilitem a sua exposição no mercado jurídico.

Quem espera clientes não os terá. Na Advocacia, como em qualquer outra atividade remunerada, a ausência de clientes resulta no fechamento das portas. Não há possibilidade de um escritório de Advocacia sobreviver sem clientes.

5. Procurei qualquer tipo de parceria (parcerias em grande quantidade, mas sem qualidade)

O quinto erro que eu cometi no início da Advocacia foi buscar qualquer tipo de parceria. Isso é equivocado, pois significa um ato de desespero. É normal desejar crescer profissionalmente e achar que, para isso, deve ter um grande número de parceiros. Contudo, analisando friamente, ninguém é parceiro de verdade, pois são apenas contatos sem uma relação produtiva.

Por isso, sempre digo: não busque qualquer tipo de sócio ou parceiro. É melhor não ter sócio ou parceiro do que ter um ruim, que apenas atrapalhe o desenvolvimento do grupo. É melhor não ter parceiros do que ter vários, investir (ou perder) muito tempo dando atenção a cada um e nunca gerar resultado. Em suma, é melhor se preocupar mais com qualidade do que com a quantidade de contatos.

No início da advocacia, preocupei-me muito com a quantidade de parcerias, na expectativa de que isso daria mais resultados. Apenas fazia a parceria, acreditando que seria mais um canal de prospecção.

Entretanto, dependendo do “parceiro”, você investirá muito tempo fazendo favores e nunca terá retorno.

Hoje, tenho plena convicção de que é melhor ter poucos parceiros ao seu lado, no seu escritório ou em escritórios parceiros, de indicações mútuas, do que ter vários parceiros e não gerar resultado.

Procure bons parceiros e/ou sócios, mas não se preocupe com a quantidade. Há uma frase muito interessante no empreendedorismo: “você é a média das cinco pessoas com quem mais convive”. Essa ideia vale para tudo. Se você encontrar um parceiro/sócio que atrapalhe o seu desenvolvimento, que não ajude e não queira evoluir, você assimilará essa mentalidade e será igual a ele.

6. Fiz muitos favores

O sexto erro que cometi no início da Advocacia foi fazer muitos favores, ou seja, dediquei-me diariamente a fazer coisas voluntárias.

Não me refiro a prestar serviços advocatícios de graça ou assumir um processo sem cobrar, como se fosse uma atuação “pro bono” em favor de investigados ou réus. O erro foi, no período inicial, fazer muitos favores a colegas. Ficava muitos minutos (em alguns dias, fiquei horas) no telefone prestando favores a outros Advogados, opinando sobre os processos deles.

Em que pese eu ainda não fosse tão conhecido no início, alguns colegas mais próximos, sabendo que eu já havia sido Defensor Público e lecionava em faculdades, tentavam tirar dúvidas sobre casos reais.

Algum colega narrava a situação fática e, em seguida, eu me dispunha a entender tudo que envolvia o processo dele e tentava dar algumas sugestões de estratégias, teses ou outros aspectos da atuação.

Muitas vezes, perdia de 20 a 30 minutos em uma ligação, prestando uma orientação para alguém que havia sido contratado e estava recebendo para atuar no processo. Eu parava todas as minhas atividades para dar uma sugestão de graça.

Considero isso um grande equívoco, pois eu estava, basicamente, fazendo aquilo que se chama consultoria – quando o profissional dá orientação a outro profissional – de graça. Estava deixando de trabalhar na evolução da minha carreira para ajudar outro profissional a evoluir, enquanto ele estava ganhando por isso, e eu não recebia nada. Esse erro fez com que eu perdesse muito tempo.

No início, costumada dar espaço para esse tipo de favor. O colega ligava, mandava mensagem, às vezes ficava uma hora, por vezes no final de semana ou feriado, querendo tirar dúvidas.

Aliás, eu dava espaço não apenas para tirar dúvidas, mas também para fazer outros favores, como a realização de carga de autos.

O Advogado iniciante não deve fazer esse tipo de favor, pois isso é uma prestação de serviço.

Ainda, faço uma observação: normalmente, os mesmos profissionais que pedem favores de graça aos seus colegas são aqueles que compartilham nas redes sociais imagens e textos dizendo que Advogados não fazem favores de graça, direcionado para o público leigo (quem nunca viu aquela imagem de uma tabela com valores de honorários para “favorzinho”, “só uma dúvida” e outras expressões?). No entanto, quando se trata da relação com outro Advogado, pede favores e realiza consultas sem pagar, tampouco se dispondo a isso. Inclusive, se o Advogado que recebe o pedido de um favor falar ao outro que o valor daquela diligência ou consulta seria X, o outro rapidamente se irrita ou desconversa, porque não pretendia pagar por aquele serviço.

Quando um Advogado liga para outro Advogado (salvo quando houver uma grande amizade que permita esse tipo de liberdade ou troca de gentilezas) e pede sugestões sobre teses, o que deve ser feito em determinado processo, o recurso cabível, como sair de determinada situação etc., está pedindo, indiretamente, uma consulta, normalmente sem a intenção de pagar por ela. Caso seja uma interação rápida, não há problema, mas, na maioria das vezes, é algo complexo e prolongado, o que caracterizaria uma consultoria. Portanto, o profissional que faz isso deveria contratar o outro para uma consulta formal, como ele próprio faz com o público leigo.

O mesmo caso é o da audiência feita como favor. A não ser que seja uma relação de troca – quando um faz um favor e o outro retribui com outro favor -, também é uma prestação de serviço que justificaria a cobrança. Inclusive, as tabelas de honorários de todas as seccionais da OAB preveem esse tipo de atividade: diligência, correspondência, audiência única etc.

Na minha visão, tudo isso deve ser devidamente cobrado. Tirar cópia de processo, pegar autos em carga, fazer audiência e outras coisas, apesar de serem favores “pequenos”, tomam um tempo significativo que, para o iniciante, é muito precioso, porque deveria ser dedicado ao crescimento profissional e à obtenção de honorários que lhe permitam sobreviver na Advocacia.

No primeiro ano de Advocacia, cometi esse erro e abri espaço para vários favores, esperando alguma retribuição (futura indicação de um cliente, por exemplo) que jamais ocorreu. Ficava tanto tempo envolvido com favores que o meu trabalho remunerado (direcionado aos clientes que me pagavam) era deixado para o período da noite. Em várias oportunidades, precisei terminar peças durante a madrugada, porque havia passado o dia inteiro fazendo favores e tinha “compromissos voluntários” para o dia seguinte. Curiosamente, os colegas que recebiam os favores (que, repito, estavam recebendo honorários pela atuação nos processos) não queriam saber se eu estava dando conta do meu trabalho, se precisava de alguma ajuda ou se estava conseguindo prospectar clientes.

Por fim, uma observação: não estou dizendo que não devemos ajudar outros Advogados. Eu, aliás, tento ajudar diariamente por meio de vários vídeos e artigos gratuitos postados neste site, no meu perfil do Instagram, no canal do Youtube e nas listas de transmissão do WhatsApp, assim como tiro dúvidas de colegas (sempre que possível). A questão é que não devemos transformar essa ajuda em prioridade. A ajuda deve ocorrer no tempo livre, depois de cumpridas todas as obrigações assumidas mediante remuneração e após se dedicar à família e à evolução em sua carreira (leitura, cursos, parcerias etc.).

No final de tudo, as pessoas que te pedem favores não estarão ao seu lado no momento de pagar os boletos. O maior (e talvez único) interessado no seu crescimento profissional é você. Cuide da sua carreira antes de cuidar da carreira dos outros.

7. Demorei muito para começar a minha divulgação como Advogado

Por fim, o sétimo erro que cometi no início da Advocacia talvez não seja muito interessante para a maioria das pessoas. Contudo, caso você esteja em um cargo público e pretenda advogar, é algo que precisa saber. Ademais, esse erro também pode ser adaptado para os estudantes da graduação.

Quando comecei na Advocacia, era um desconhecido. O meu erro foi pedir exoneração do cargo de Defensor Público sem antes fazer um nome, isto é, sem me preocupar com minha futura marca.

Poderia, durante o tempo em que atuei na Defensoria Pública, ter produzido mais textos, gravado vídeos, aparecido mais nas redes sociais e feito meu site pessoal para divulgar conteúdo. Também poderia ter feito mais contatos e conhecido mais Advogados que, inclusive, conseguiriam me mostrar a realidade da Advocacia.

Em outras palavras, o sétimo erro que cometi foi não ter me divulgado enquanto era Defensor Público. Não como Advogado (pois era impedido de advogar), mas sim como docente, porque já lecionava quando era Defensor. Entrementes, naquela época, minha preocupação era publicar em revistas científicas, ainda que ninguém lesse.

Se você está em um cargo público e pretende pedir exoneração para começar a Advogar, minha dica é: mantenha-se mais um pouco no cargo e, enquanto isso, comece a escrever artigos, publique em colunas de sites ou jornais, grave e publique vídeos etc. Enfim, divulgue seu trabalho intelectual. Quando você começar a ficar mais conhecido, terá mais segurança para entrar na iniciativa privada.

Não se trata de se utilizar do cargo para a Advocacia. Você não irá divulgar o cargo – como Policial, Defensor ou Promotor, por exemplo – e se valer disso para advogar. A dica é aproveitar que você ainda possui uma garantia – a estabilidade – de um cargo público, prestando o melhor serviço possível, mas aproveitando esse tempo para se qualificar, fazer uma pós-graduação, participar de cursos complementares, divulgar artigos e vídeos, ingressar em todas as redes sociais, adicionar pessoas, fazer contatos etc.

Para reduzir a dificuldade inicial, é importante começar na Advocacia tendo um nome. Não um nome decorrente do cargo, mas sim daquilo que você construiu no período em que ocupou o cargo. Assim, você já começará na Advocacia tendo um diferencial.

Da mesma forma, meu erro foi pedir exoneração e começar a advogar sem antes ter me preocupado em aprender sobre empreendedorismo, Advocacia, marketing jurídico, prospecção, networking, honorários e outros temas. Quando comecei a aprender, já estava na hora de aplicar esses conhecimentos, pois já estava na Advocacia.

O sétimo erro pode ser adaptado para estudantes de Direito. Afinal, durante a graduação, é recomendável começar a fazer contatos, divulgar conteúdo, conversar com Advogados e criar um ambiente favorável para o futuro ingresso na Advocacia.

Esses, portanto, foram os sete erros que cometi no início da Advocacia. Com esse (longo) texto, pretendo evitar que os colegas caiam nos mesmos equívocos. Tenham uma excelente jornada na área penal!

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Evinis Talon é Advogado Criminalista com atuação no Brasil inteiro, com 12 anos de experiência na defesa penal, professor de cursos de mestrado e doutorado com experiência de 11 anos na docência, Doutor em Direito Penal pelo Centro de Estudios de Posgrado (México), Doutorando pela Universidade do Minho (Portugal – aprovado em 1º lugar), Mestre em Direito (UNISC), Máster en Derecho Penal (Universidade de Sevilha), Máster en Derecho Penitenciario (Universidade de Barcelona), Máster en Derecho Probatorio (Universidade de Barcelona), Máster en Derechos Fundamentales (Universidade Carlos III de Madrid), Máster en Política Criminal (Universidade de Salamanca), especialista em Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional, Filosofia e Sociologia, autor de 7 livros, ex-Defensor Público do Rio Grande do Sul (2012-2015, pedindo exoneração para advogar. Aprovado em todas as fases durante a graduação), palestrante que já participou de eventos em 3 continentes e investigador do Centro de Investigação em Justiça e Governação (JusGov) de Portugal. Citado na jurisprudência de vários tribunais, como TRF1, TJSP, TJPR, TJSC, TJGO, TJMG, TJSE e outros.

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