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Evinis Talon

Como parar de procrastinar nos estudos?

02/07/2017

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Como parar de procrastinar nos estudos?

Procrastinar é deixar para o futuro algo que você pode ou deve fazer agora.

No mundo jurídico, os estudos são fundamentais para Advogados, ocupantes de cargos públicos, pesquisadores, docentes e estudantes. Como é sabido, o conhecimento é o principal instrumento de trabalho do jurista.

Ocorre que muitos procrastinam no momento de estudar, deixando os estudos para depois ou para o dia seguinte. Alguns sentam para estudar, mas logo procuram outra atividade para “fugir” dos estudos, como ver algum vídeo no Youtube, olhar notícias, dar uma passada rápida pelas redes sociais etc. No final, o indivíduo permaneceu mais tempo fugindo dos estudos do que propriamente estudando.

Provavelmente, você já deixou para estudar na véspera de alguma prova (de concurso ou do exame da OAB). Talvez tenha pensado “ainda tenho 2 meses”, “tenho 1 mês”, “2 semanas pela frente ainda”… Contudo, na hora da prova, percebeu que o tempo passou e você não estudou como deveria.

A procrastinação ocorre por diversos motivos, muitos deles parecidos com os motivos que geram a falta de concentração:

  • Não considerar que a tarefa é tão importante;

  • Tentar achar outras tarefas para fazer antes;

  • Ausência de um prazo para finalizar a tarefa;

  • Achar que a tarefa é complexa ou difícil demais;

  • Vontade de ficar na zona de conforto.

Há algumas estratégias para superar a procrastinação.

O primeiro passo é identificar que você está procrastinando. Para isso, é necessário um autopoliciamento, de modo a perceber o tempo que você leva para começar a estudar todos os dias. Tente observar quanto tempo você demora para efetivamente estudar após decidir que irá fazê-lo. Em seguida, descubra quais são as causas da sua procrastinação e aplique as técnicas para superá-las.

Se seu problema é achar que a tarefa não é importante, você deve reavaliar se aquilo deve mesmo ser estudado e, em caso positivo, se deve ser estudado da forma que você está fazendo (pesquisando jurisprudência, lendo manuais ou estudando por artigos científicos, por exemplo). Normalmente, acreditamos que o estudo não é relevante quando não percebemos os possíveis resultados desses estudos. Assim, por exemplo, um Advogado que tem sustentação oral marcada para determinada Câmara Criminal conseguirá perceber a importância – e os possíveis resultados favoráveis – da pesquisa da jurisprudência dessa Câmara sobre o tema da sustentação. Por outro lado, poderá estar desmotivado para estudar artigos científicos sobre a tutela penal do meio ambiente se não houver alguma finalidade específica, como a preparação de alguma peça para determinado processo relacionado a crime ambiental ou a elaboração de um trabalho de conclusão de curso sobre esse assunto.

Se você sempre procura outras tarefas para fazer e acaba deixando os estudos em segundo plano, está procrastinando de uma forma muito comum. Defina qual é a sua prioridade: estudar determinado tema ou fazer essa outra “tarefa” (ver redes sociais, por exemplo). Para priorizar algo, é necessário perceber qual é o benefício ou o resultado de cada ação. O resultado de estudar os informativos do STF, por exemplo, é ter o conhecimento acerca das decisões mais recentes desse Tribunal, tendo mais chances, por exemplo, de conseguir a aprovação no exame da OAB ou de utilizar esses julgados em casos nos quais o Advogado está atuando. Por outro lado, como regra, o resultado de olhar as redes sociais é saber o que as outas pessoas compartilharam… Nada mais que isso.

A falta de um prazo também gera procrastinação. Se você tem que fazer algo, mas não tem uma data para isso, certamente demorará para fazer, a não ser que seja constantemente cobrado para fazê-lo. Estabeleça metas e prazos seguindo 5 passos:

  1. Meta mensurável: o resultado que você quer deve ser medido. Pode ser, por exemplo, ler 20 páginas de determinado livro de Execução Penal. Mensurável, portanto, significa algo que pode ser controlado por uma medida.

  2. Meta atingível: sua meta deve ser possível de ser alcançada. Quanto mais complexa for a sua meta, mais chances você terá de procrastinar.

  3. Meta relevante: avalie se a meta que você estabeleceu é realmente importante para os resultados que você quer.

  4. Meta com um marco temporal final: coloque uma data ou um momento para concluir sua meta. Assim, você saberá se cumpriu ou não esse objetivo. Deixar uma meta aberta é jogá-la para a eternidade.

  5. Meta específica: não estabeleça metas genéricas, como, por exemplo, “estudar Direito Penal quando sobrar tempo”.

Sobre o estabelecimento de metas, destaco que isso tem funcionado de forma exitosa comigo. Desde que defini a meta específica de publicar um artigo diário neste site, venho mantendo a regularidade das publicações e, neste momento, tenho mais de 1000 textos. Da mesma forma, desde quando defini a meta consistente em indicar pelo menos dois artigos por dia, já indiquei mais de 300 artigos (veja aqui). Outras metas específicas, sobretudo de leitura e escrita, também estão funcionando perfeitamente.

Outra causa da procrastinação é o medo de fazer algo complexo ou aparentemente difícil. Talvez você tenha medo ou se sinta desmotivado para começar a estudar a teoria da pena ou a teoria da prova, temas que ocupam muitas páginas nos livros de Direito Penal e Processo Pena, respectivamente.

Sempre que contemplamos um conteúdo extenso ou aparentemente difícil, pensando nele como um conteúdo uno, há uma desmotivação para iniciarmos os estudos.

A solução é dividir esse conteúdo grande em várias partes pequenas. Dessa forma, a meta não seria “estudar a teoria da pena”, mas sim “ler sobre as circunstâncias judiciais na dosimetria da pena-base”.

A grande vantagem de dividir a tarefa em várias partes é que, ao terminar algo, renova-se a motivação para continuar nos estudos.

Martin Luther King Jr. disse o seguinte: “dê o primeiro passo na fé. Você não precisa ver a escada inteira. Apenas dê o primeiro passo”.

A importância de dar o primeiro passo contra a procrastinação, ainda que muito simples, é tão relevante que há uma ideia para isso, chamada de explosão solar (“solar flaring”). Essa nomenclatura decorre do fato de que as explosões solares começam muito pequenas, mas ficam cada vez mais fortes, até que geram um fenômeno realmente intenso e impactante.

Aplicada aos estudos, a técnica da explosão solar significa que, para superar a procrastinação, é necessário dar o primeiro passo, por mais simples que ele pareça.

Se há algo que pareça muito complexo ou demorado, tendo a aparência de ser trabalhoso demais para concluir, é muito provável que o estudante procrastine. A forma de superar essa procrastinação é utilizar a explosão solar, isto é, dar o primeiro e mais simples passo no sentido de realizar essa tarefa e, a partir disso, obter impulso para continuar na tarefa, partindo para as atividades ou leituras mais difíceis.

Assim, digamos que você precise estudar 50 páginas de determinada disciplina. Contudo, por acreditar que o conteúdo é muito complexo ou extenso, entra em um ciclo procrastinatório. Por essa perspectiva da explosão solar, é necessário dar o primeiro passo, ainda que muito simples, como, por exemplo, abrir o livro e deixá-lo entre você e o computador. Depois disso, será ativado um gatilho mental para que você prossiga nessa atividade e, provavelmente, terá mais chances de ler o livro do que aquele que ainda não deu esse passo inicial.

Há um provérbio chinês que afirma que “uma longa viagem começa com um único passo.” Para Dostoiésvski “dar o primeiro passo, proferir uma nova palavra é o que as pessoas mais temem”. Portanto, comece a aplicar a técnica da explosão solar e supere a procrastinação que te impede de começar.

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Evinis Talon é Advogado Criminalista com atuação no Brasil inteiro, com 12 anos de experiência na defesa penal, professor de cursos de mestrado e doutorado com experiência de 11 anos na docência, Doutor em Direito Penal pelo Centro de Estudios de Posgrado (México), Doutorando pela Universidade do Minho (Portugal – aprovado em 1º lugar), Mestre em Direito (UNISC), Máster en Derecho Penal (Universidade de Sevilha), Máster en Derecho Penitenciario (Universidade de Barcelona), Máster en Derecho Probatorio (Universidade de Barcelona), Máster en Derechos Fundamentales (Universidade Carlos III de Madrid), Máster en Política Criminal (Universidade de Salamanca), especialista em Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional, Filosofia e Sociologia, autor de 7 livros, ex-Defensor Público do Rio Grande do Sul (2012-2015, pedindo exoneração para advogar. Aprovado em todas as fases durante a graduação), palestrante que já participou de eventos em 3 continentes e investigador do Centro de Investigação em Justiça e Governação (JusGov) de Portugal. Citado na jurisprudência de vários tribunais, como TRF1, TJSP, TJPR, TJSC, TJGO, TJMG, TJSE e outros.

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