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Evinis Talon

Como aprender a advogar?

12/07/2017

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Como aprender a advogar?

Exercer a Advocacia com qualidade é algo inato ou é possível aprender a advogar durante a carreira?

Essa pergunta tem uma resposta óbvia: melhoramos na Advocacia com o passar do tempo, salvo exceções (ex.: aqueles que abandonam os estudos ou se dedicam a atividades antiéticas).

Sabendo que é possível aprender a advogar, a pergunta inevitável é: como aprender a advogar?

Muitos Advogados acreditam que o caminho necessariamente é por meio de acertos e erros. De fato, buscar experiências em primeira pessoa é uma forma de conseguir aprimorar a atuação nos processos, a prospecção de clientes e a estruturação do escritório.

Entrementes, as experiências adquiridas não precisam ser obtidas por meio de vitórias e derrotas do próprio Advogado iniciante. É possível aprender por meio de pessoas que já concretizaram aquilo que o iniciante deseja realizar. Para alguns, esses indivíduos seriam os mentores.

A lógica de ter mentores, inclusive na Advocacia, decorre de uma ideia muito utilizada no empreendedorismo: “se você é a pessoa mais esperta da mesa, você está na mesa errada. Mude de mesa”. Essa ideia consiste na necessidade de nunca ser o indivíduo com mais conhecimento ou experiência nos ambientes em que você frequenta, permanecendo em constante autopoliciamento para que sempre esteja adquirindo algum conhecimento por meio de outras pessoas.

É comum na área jurídica a formação de grupos, associações e institutos, normalmente com membros homogêneos, isto é, que se encontram no mesmo nível da carreira. Se todos tiverem experiências equivalentes, dificulta-se o aprendizado entre os membros desses grupos.

No Direito, especialmente na Advocacia, normalmente o profissional convive, ainda que inconscientemente, com dois tipos de Advogados: com os colegas de experiência equivalente ou com aqueles que estão em um nível inferior na carreira.

A convivência com colegas do mesmo nível ocorre em virtude da similaridade de problemas enfrentados, criando uma identidade entre eles.

Por outro lado, o constante contato com profissionais menos experientes é consequência da admiração que estes normalmente têm pelo Advogado mais experiente. Explico: quem tem razoável experiência sempre deseja contar suas histórias para alguém que esteja disposto a ouvi-las. Os menos experientes, como regra, querem ouvir experiências daqueles que já realizaram o que eles pretendem fazer. Assim, cria-se um cenário ideal para que o Advogado se dedique a conversar com jovens Advogados e estudantes de Direito, o que é de suma importância para a melhora do ambiente jurídico.

Ocorre que há uma terceira categoria de profissionais com os quais normalmente não se convive: os Advogados mais experientes – e não necessariamente mais velhos – que já chegaram ao ponto da carreira desejado. Seriam, portanto, excelentes mentores.

Como regra, esses mentores não tentam transmitir fórmulas mágicas ou dicas infalíveis, mas sim apontar caminhos possíveis.

Às vezes, esse profissional experiente não possui disponibilidade de tempo para se dedicar a uma mentoria que envolva um acompanhamento mais próximo. Noutros casos, eles até possuem tempo, mas, como já trabalharam excessivamente durante vários anos, priorizam outras coisas nessa fase da vida/carreira, como família, lazer e produção acadêmica.

Nesse diapasão, outra forma de se aproximar de mentores esporádicos é por meio de cursos, palestras e livros. Dependendo do palestrante ou professor, o investimento “se paga” em pouco tempo, porque se adquire em algumas horas uma base sólida de conhecimentos que seriam obtidos apenas em alguns anos, por meio de inúmeros erros, prejuízos e perdas.

Nesse ponto, surge mais uma pergunta: por que tantos Advogados com razoáveis conhecimentos jurídicos fecham as portas?

Como já salientei em outros textos, a Advocacia extrapola o conhecimento jurídico. Quem quer gerir o próprio escritório precisa aprender administração, empreendedorismo, gestão de pessoas, contabilidade, marketing etc. Negligenciar esses conhecimentos inviabilizará que o Advogado aplique seus conhecimentos jurídicos, porque, como é sabido, não há escritório de Advocacia sem clientes.

Se o Advogado contratar as pessoas com esses conhecimentos extrajurídicos (contadores e assessores de imprensa, por exemplo), iniciará sua atividade com um custo altíssimo e deixará de ter lições relevantes para seu escritório.

Por fim, quanto ao Advogado que busca emprego, ignorar a necessidade de buscar conhecimentos extrajurídicos fará com que não consiga se adequar plenamente ao escritório, pois perceberá apenas os processos nos quais eventualmente atuará, não sabendo de tudo que também é importante para o sócio do escritório, como finanças, organização etc.

Em suma, é possível aprender a advogar, o que pode ser feito por meio de mentores (Advogados mais experientes), cursos, palestras e livros, inclusive sobre conhecimentos extrajurídicos. Por fim, também é imprescindível se lembrar de nunca ser o mais esperto da mesa.

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Evinis Talon é Advogado Criminalista com atuação no Brasil inteiro, com 12 anos de experiência na defesa penal, professor de cursos de mestrado e doutorado com experiência de 11 anos na docência, Doutor em Direito Penal pelo Centro de Estudios de Posgrado (México), Doutorando pela Universidade do Minho (Portugal – aprovado em 1º lugar), Mestre em Direito (UNISC), Máster en Derecho Penal (Universidade de Sevilha), Máster en Derecho Penitenciario (Universidade de Barcelona), Máster en Derecho Probatorio (Universidade de Barcelona), Máster en Derechos Fundamentales (Universidade Carlos III de Madrid), Máster en Política Criminal (Universidade de Salamanca), especialista em Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional, Filosofia e Sociologia, autor de 7 livros, ex-Defensor Público do Rio Grande do Sul (2012-2015, pedindo exoneração para advogar. Aprovado em todas as fases durante a graduação), palestrante que já participou de eventos em 3 continentes e investigador do Centro de Investigação em Justiça e Governação (JusGov) de Portugal. Citado na jurisprudência de vários tribunais, como TRF1, TJSP, TJPR, TJSC, TJGO, TJMG, TJSE e outros.

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